Primeira usina de etanol de trigo do Brasil inova o agronegócio

Primeira usina de etanol de trigo do país processará 100 toneladas por dia para gerar
até 12 milhões de litros/ano – Foto: Divulgação/CB Bioenergia

Por Sara Aquino

O Brasil, uma potência global em agricultura e bioenergia, continua a reescrever o futuro da produção de combustíveis renováveis. Em um marco histórico para o agronegócio e a sustentabilidade, a primeira usina de etanol de trigo do país foi oficialmente inaugurada no município de Santiago (RS)

Este empreendimento não é apenas uma nova fábrica, mas um símbolo da capacidade de inovação brasileira, mostrando que a diversificação da matriz de biocombustíveis é o caminho para uma economia mais resiliente e verde. 

A iniciativa, liderada pela empresa CB Bioenergia, promete não só fortalecer a economia local e regional, mas também criar uma nova cadeia produtiva com potencial para transformar o setor.

Tecnologia e visão de futuro: o trigo se transforma em fonte de energia

O projeto da CB Bioenergia é resultado de um investimento visionário e estratégico. Para a construção da usina, foram investidos cerca de R$ 100 milhões, um capital robusto que permitiu a implementação de tecnologia de ponta. 

A usina foi projetada para processar 100 toneladas de trigo por dia, uma capacidade que, de início, resultará na produção de até 12 milhões de litros de etanol por ano. Esses números já são impressionantes, mas a visão de longo prazo da empresa é ainda mais audaciosa. 

expectativa é gerar entre 45 e 50 milhões de litros de por ano até 2027, um plano de expansão que consolidará a usina como um pilar fundamental na produção de etanol no Sul do Brasil. Essa nova frente de produção é especialmente relevante para a região, onde o trigo já é uma cultura tradicional. 

Ao oferecer uma nova finalidade para a produção do cereal, a usina cria um mercado estável para os agricultores, minimizando as flutuações de preço e garantindo um retorno mais previsível sobre o investimento. O trigo, que antes era majoritariamente destinado à indústria de alimentos, agora ganha um novo e estratégico valor energético, diversificando as opções de renda para o setor rural gaúcho.

Além do etanol: uma fábrica de múltiplos subprodutos valiosos

O que torna a usina da CB Bioenergia um modelo de economia circular é sua abordagem de aproveitamento total da matéria-prima.  O projeto vai muito além da simples conversão do trigo em combustível. 

A empresa se compromete a gerar outros subprodutos de alto valor agregado, transformando o que seria resíduo em novas oportunidades de negócio. Um dos exemplos mais notáveis é a produção de álcool neutro, um insumo purificado e essencial para a indústria de perfumaria e bebidas

Essa produção secundária não só diversifica o portfólio da usina, mas também a conecta a setores de alto crescimento e valor agregado na economia. A inovação não para por aí. Os resíduos sólidos resultantes do processo de produção de etanol, conhecidos como DDGS (Dried Distillers Grains with Solubles), também serão inteligentemente reaproveitados. 

Esses resíduos servem para fabricação de utensílios descartáveis biodegradáveis, como pratos, por exemplo, além de poderem ser utilizados na alimentação animal. 

Essa solução sustentável resolve o problema do descarte e cria um produto ecologicamente correto, alinhando a empresa a uma agenda de responsabilidade ambiental. A inauguração da primeira usina de etanol de trigo em Santiago (RS) é, sem dúvida, um marco para o agronegócio. Ela demonstra que a inovação pode e deve ser o motor da transição para uma economia mais limpa e eficiente. 

Ao transformar um cereal tradicional em um combustível estratégico e, ao mesmo tempo, gerar subprodutos para diversas outras indústrias, a CB Bioenergia se posiciona na vanguarda da sustentabilidade e da bioeconomia. 

O projeto é um exemplo de como o Brasil pode continuar a liderar globalmente, não apenas em quantidade de produção, mas em qualidade, inovação e responsabilidade ambiental. A era do etanol de trigo já começou, e as perspectivas para o futuro são promissoras, com a promessa de mais empregos, mais renda e um ambiente mais saudável para as próximas gerações.

Fonte: Click Petróleo e Gas