Por Giully Regina
O valor médio dos créditos de descarbonização (CBios), vinculados ao RenovaBio, manteve-se em queda nos primeiros dias deste mês. Entre 1º e 15 de agosto, os títulos foram negociados por R$ 56,33, retração de 7,6% em relação à quinzena anterior.
O valor também está 16,4% abaixo da média de 2025, de R$ 67,40 por CBio. Além disso, a queda chega a 33,4% em comparação com a média histórica, de R$ 84,56. Os números são resultados de cálculos realizados pelo NovaCana com base em dados da bolsa de valores brasileira B3, única entidade registradora do programa.
Na primeira quinzena de agosto, o preço diário dos CBios oscilou entre R$ 50 e 61,05. O maior valor foi visto nos dias 5 e 14, enquanto o menor ocorreu no dia 15. De acordo com a B3, ocorreram 1,74 mil negociações no período, movimentando 3,63 milhões de créditos.
Ainda conforme a bolsa, de janeiro à primeira metade de agosto, o volume financeiro das negociações alcançou R$ 3,53 bilhões. O montante ficou 28,5% abaixo do visto no mesmo recorte de 2024, quando foram movimentados R$ 4,93 bilhões. O cenário pode ser justificado pelos preços, que estiveram em queda no decorrer deste ano.
“Os números refletem todas as operações de compra e venda envolvidas em um ciclo de negociação. Assim, no caso de intermediações realizadas por corretoras ou outras instituições, primeiro é realizada uma operação de compra das quantidades e, depois, uma operação de venda para o investidor final”, explica a B3.
Emissões
Entre 1º e 15 de agosto, as usinas certificadas no RenovaBio escrituraram 1,44 milhão de CBios, alta de 0,3% na comparação anual. Já no acumulado do ano, as sucroenergéticas participantes emitiram 26,31 milhões de títulos. Em relação ao mesmo período de 2024, houve um acréscimo de 1,8%.
De acordo com a ANP, 338 usinas estão atualmente certificadas para a emissão dos créditos do RenovaBio. Destas, cinco fabricam biometano e outras 40, biodiesel. Dentre as 293 usinas de etanol certificadas, 277 utilizam apenas a cana-de-açúcar como matéria-prima; oito processam cana e milho; sete apenas milho; e uma produz biocombustível de primeira e de segunda geração de forma integrada. Desde o início do programa até agora, 185,05 milhões de CBios já foram emitidos pelas sucroenergéticas.
Posse e aposentadoria
Em 15 de agosto, a B3 fechou a sessão com 30,56 milhões de créditos em circulação. O montante representa 61,9% da meta estipulada para 2025, de 49,36 milhões de CBios. O objetivo anual, atualizado em março pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), inclui os 10,49 milhões de CBios que ficaram pendentes do ano passado. Além disso, foram descontados os 1,52 milhão de créditos abatidos das metas individuais das distribuidoras que cumpriram contratos de longo prazo com produtores de biocombustíveis.
Do total de CBios disponíveis no mercado ao final da quinzena, 49,8%, ou 15,22 milhões, estavam em posse das usinas certificadas no RenovaBio. Já as distribuidoras detinham 15,09 milhões, ou 49,4%. Desta forma, os 253,79 mil créditos restantes (0,8%) estavam com investidores sem metas.
Depois de mudanças trazidas pela Lei dos CBios, agora um novo projeto de lei quer estabelecer novas exigências para a concessão de medidas judiciais liminares relacionadas ao cumprimento das metas individuais das distribuidoras.
Na primeira quinzena de agosto, 266,55 mil créditos foram aposentados, baixa de 32,2% em relação aos 393,11 mil títulos que saíram de circulação no mesmo período de 2024. No acumulado do ano, 12,21 milhões de CBios saíram do mercado. Ou seja, apenas 24,7% da meta foi realmente alcançada até agora.
Somando os créditos disponíveis, os que foram retirados de circulação em 2025 e os 181 mil títulos que foram aposentados de forma antecipada no ano passado, o volume total chega a 42,95 milhões de CBios, ou 87% do objetivo para o ano.
De acordo com a B3, as últimas aposentadorias por companhias sem metas a cumprir no programa ocorreram em março. No dia 12, foram retirados circulação 23 mil créditos e, no dia 14, outros 200.
Segundo as regras do RenovaBio, a retirada de títulos feita pelas partes não obrigadas pode ser deduzida dos objetivos finais do programa. Com isso, as aposentadorias feitas durante o ciclo 2025 devem ser contabilizadas no próximo ano.
Fonte: NovaCana
