Cargill Bioenergia anuncia construção de usina de etanol de milho em Goiás

Usina da Cargill Bioenergia – Foto: Cargill Bioenergia

Segundo reportagem do site Compre Rural, a Cargill Bioenergia confirmou que vai erguer uma nova usina de etanol de milho em Cachoeira Dourada (GO), ao lado da atual unidade de processamento de cana-de-açúcar. O anúncio, publicado inicialmente pelo portal AgFeed, reforça a estratégia de expansão da multinacional no Brasil. Embora não tenha divulgado valores ou prazos, o investimento deve superar a marca de R$ 1 bilhão, em linha com aportes recentes de concorrentes do setor.

Consolidação no setor

A decisão acontece meses após a Cargill adquirir o controle integral da SJC Bioenergia, em operação avaliada em mais de R$ 2,6 bilhões. Com isso, a empresa passou a administrar as usinas de Quirinópolis e Cachoeira Dourada, em Goiás.

O novo projeto dará continuidade ao modelo flex, já em funcionamento em Quirinópolis, que permite a produção de etanol tanto a partir da cana quanto do milho. Um diferencial será o aproveitamento do bagaço da cana para geração de energia elétrica, suficiente para abastecer também a futura planta dedicada ao milho.

O que diz a liderança da empresa

Em entrevista ao AgFeed, Paulo Sousa, presidente da Cargill no Brasil, explicou que o fator decisivo foi o custo mais baixo de capital para construir usinas de etanol de milho em comparação às de cana.

“O uso de capital para fazer uma usina de cana é muito maior do que para uma de etanol de milho. Num país que tem taxa básica de juros em 15%, o uso eficiente de capital é mais relevante do que nunca”, destacou.

Sousa admitiu ainda que a companhia poderia ter investido mais cedo em projetos exclusivamente voltados ao milho, mas ressaltou que a prioridade agora é fortalecer a presença nesse segmento, sem descartar novas aquisições ou parcerias.

Produção e impacto regional

Atualmente, as usinas controladas pela Cargill Bioenergia em Goiás processam cerca de 9 milhões de toneladas de cana por safra e 2 milhões de toneladas de milho por ano. Além disso, geram 800 GWh de energia elétrica anualmente e mantêm aproximadamente 4.600 empregos diretos.

A movimentação da Cargill segue a tendência de investimentos robustos no setor. Na mesma semana, a São Martinho anunciou aporte de R$ 1,1 bilhão para ampliar em 80% sua capacidade de produção de etanol de milho.

Expansão para o biodiesel

O plano de diversificação energética da Cargill também inclui o biodiesel. As fábricas adquiridas da Granol em 2023 — localizadas em Anápolis (GO), Porto Nacional (TO) e Cachoeira do Sul (RS) — passarão por modernizações. A empresa já opera em Três Lagoas (MS), com capacidade anual de 352 milhões de litros.

Relevância estratégica para o agro brasileiro

O avanço da Cargill reforça o protagonismo do milho na transição energética do país. A Lei do Combustível do Futuro, que prevê aumento gradual da mistura de biodiesel no diesel até 2030, deve impulsionar ainda mais a demanda por biocombustíveis.

Com a nova planta, Cachoeira Dourada se tornará peça-chave na estratégia da multinacional, consolidando o milho como elemento estratégico da matriz energética nacional.