Mistura de 15% de biodiesel vigora desde 1º de agosto


DE OLHO NO BIODIESEL – BOLETIM SEMANAL DE MERCADO DA SCA BRASIL (28/07 a 01/08/2025)

O destaque da semana para o mercado de biodiesel foi o aumento do percentual de biodiesel no diesel de 14% para 15% a partir de 1º de agosto, conforme decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). Segundo apuração da SCA Brasil, a elevação do biodesel na mistura trará um impacto no preço do diesel de cerca de R$ 0,02 por litro.

Outros fatos marcantes da semana foram o aumento das alíquotas impostas pelos EUA para as tarifas de importação de 70 países, que entram em vigor a partir da próxima quinta-feira (07/08) e os dados fracos do mercado de trabalho americano. A Casa Branca confirmou a alíquota de 50% sobre produtos brasileiros, porém manteve tarifas reduzidas para quase 700 produtos. O payroll, relatório de julho divulgado na sexta-feira, veio abaixo do consenso de mercado, além de uma revisão expressiva para baixo nos dados de maio e junho.

O óleo de palma apresentou movimento mais estável durante a semana, com ganhos moderados na Bolsa da Malásia. O contrato de outubro encerrou cotado a USD 987,8/t com valorização de 1,6%, impulsionado pela força de outros óleos vegetais rivais e pela contínua desvalorização do ringgit malaio frente ao dólar. A possibilidade de acordo entre a Indonésia e a União Europeia quanto à continuidade das importações do produto pelo bloco, com isenção tarifária prevista a partir de 2026, também deve trazer sustentação aos preços no curto prazo.

Na Argentina, o presidente Javier Milei anunciou nova redução dos impostos de exportação que afeta diretamente o mercado de óleos vegetais. A alíquota da soja cairá de 33% para 26%, enquanto o óleo e farelo de soja recuarão de 31% para 24,5%. O novo incentivo tributário não tem prazo para terminar, como foram os anteriores, e deverá pressionar negativamente os basis do óleo de soja, tanto em Rosário quanto em Paranaguá.

Após uma forte valorização nas últimas semanas, batendo as máximas desde outubro de 2023, os preços do óleo de soja negociados na Bolsa de Chicago (CBOT, na sigla em inglês) passaram por uma correção na semana. Alguns fatores podem justificar a redução: expectativas de uma boa safra nos EUA (com 70% das lavouras americanas em condições boas/excelentes), posição comprada elevada dos fundos e sinais de maior disponibilidade no mercado físico, incluindo volumes de óleo de soja chinês direcionados à Índia, com descontos de US$ 15-20 por tonelada frente aos preços brasileiros e argentinos.

Apesar da correção, os dados divulgados na semana pela EIA (na sigla em inglês), principal agência estatística do Departamento de Energia dos EUA, mostrou que o mês de maio foi o de maior consumo de matérias-primas para biodiesel e HVO nos EUA em 2025, totalizando 1,3 milhões de toneladas (+11,6% em relação à abril). O óleo de soja liderou com vantagem, avançando 23% para 465 mil toneladas, representando 35% da participação entre os insumos, seguido pela gordura animal com 369 mil toneladas. O consumo aquecido também deve trazer um suporte aos preços em Chicago.

O contrato de setembro/25 de óleo de soja negociado na CBOT fechou em 54,48 cents/libra na sexta-feira (01/08), apresentando desvalorização de 3,15% na semana. Já o prêmio de setembro/25 do óleo de soja em FOB Paranaguá valorizou 140 pontos, fechando a semana em -3,80 cents/libra. Desta forma, o flat price do óleo de soja FOB Paranaguá registrou uma desvalorização de 0,73%, fechando a semana a US$ 1.117/ton.

Elaboração: SCA Brasil

No levantamento da SCA Brasil, o mercado spot de biodiesel registrou um volume de venda de 3.430 m³, redução de quase 32% em relação à semana anterior, com destaques para os estados do Paraná e São Paulo, com vendas de 1.620 m³ e 1.250 m³, respectivamente.  O preço médio apurado na semana foi de R$ 5.781/m³, com PIS/COFINS e sem ICMS, ficando quase estável (0,3%) em relação à semana anterior.

Elaboração: SCA Brasil

A ANP retomou o Programa de Monitoramento da Qualidade dos Combustíveis (PMQC), que havia sido suspenso em julho em razão dos cortes orçamentários sofridos pela agência. A retomada foi possível graças ao descontingenciamento de parte do orçamento das agências reguladoras federais por meio do Decreto nº 12.566, de 30 de julho de 2025, além do desbloqueio de R$ 10 milhões do orçamento da ANP anunciado pelo Ministério das Minas e Energia (MME).

O PMQC utiliza 13 laboratórios contratados em diferentes unidades da Federação para realizar análises físico-químicas em amostras de gasolina C, óleo diesel B e etanol hidratado combustível, sendo uma ferramenta essencial para monitorar os índices de conformidade dos combustíveis oferecidos aos consumidores. Entre 1º de janeiro e 3 de junho de 2025, o programa havia coletado 26.689 amostras, das quais 926 (3,5%) apresentaram irregularidades, abrangendo 9.076 postos em 2.186 municípios de 20 estados.

Segundo o levantamento realizado entre 21/07 e 27/07 pela ANP, o preço médio negociado entre usinas e distribuidores ficou em R$ 5.516,30, crescimento de 1,2% em relação ao valor médio da semana anterior. A região Centro-Oeste foi a única região que apresentou redução (-0,1%). O Sul e Nordeste apresentaram os maiores aumentos, com 2,1% e 2,0%, respectivamente. No momento, o mercado acumula uma redução de 12,9% no ano.