Fávaro defende Plano Safra “eficiente”, mas não diz quanto dinheiro terá para equalização de juros

Leilão EcoInvest teve a participação dos ministros Carlos Fávaro (Agricultura),
Fernando Haddad (Fazenda) e Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima)
— Foto: Divulgação/Ministério da Agricultura


Por Camila Souza Ramos e Rafael Walendorff

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, defendeu, nesta segunda-feira (28/04), a necessidade de um Plano Safra eficiente, mas evitou dar alguma indicação do quanto de dinheiro irá para a equalização de taxas de juros do próximo ciclo agrícola. (2025-2026). Ele concedeu uma entrevista coletiva durante o segundo leilão do programa EcoInvest, em São Paulo. Afirmou também que o governo estuda vincular financiamentos aos produtores rurais do Rio Grande do Sul a bos práticas de sustentabilidade.

declaração do ministro sobre o Plano Safra vem logo após a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) solicitar ao governo R$ 594 bilhões em recursos para a próxima temporada, sendo R$ 25 bilhões em equalização. Fávaro citou a previsão da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), de aumento de 24% na demanda neste ano.

“Nós temos que preparar então um Plano Safra que atenda essa demanda crescente e gere mais oportunidades. Não se trata de R$ 25 bilhões, ou R$ 16 bilhões. É necessário fazer um Plano Safra eficiente”, defendeu.

Segundo ele, os últimos dois Planos Safra teriam sido “63% mais eficientes do que do governo passado”. E a equalização do Tesouro não é a única forma de garantir taxas de juro mais baixas, e citou a linha de recursos em dólar do BNDES.

“Desde o primeiro Plano Safra [deste governo] nós fizemos a linha dolarizada para fazer investimentos, e agora também pode fazer custeio para aqueles produtores que tem um hedge natural. O juro nesse caso é em torno de 8,5%, um juro bastante competitivo para a agropecuária brasileira, e com zero da participação do Tesouro Nacional, mas com captação internacional”, afirmou.

Em sua apresentação do segundo leilão do EcoInvest para o programa Caminho Verde Brasil, Fávaro disse que o governo já ofertou R$ 15 bilhões em crédito para a recuperação de áreas de pastagem degradada nos dois últimos Planos Safra. Esse montante teria viabilizado a restauração de 3 milhões de hectares.

O valor, no entanto, refere-se a todo o orçamento do RenovAgro (antigo Programa ABC). Os financiamentos liberados efetivamente para recuperação de área somaram R$ 2,3 bilhões, apoiando uma extensão de 576,5 mil hectares.

Ele disse que os recursos também foram acessados por produtores que precisaram recuperar áreas de cana afetadas por incêndios. Quem teve as lavouras danificadas pelo fogo no ano passado em São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso e Mato Grosso, pode “acessar esses recursos para recuperar essas áreas, levando calcário, fosfato e recuperação de microbacia”.

Apoio ao Rio Grande do Sul

Também na coletiva de imprensa, o ministro da Agricultura infirmou que o governo estuda atrelar o financiamento aos produtores do Rio Grande do Sul afetados por intempéries a boas práticas de sustentabilidade.

“Os produtores gaúchos estão pedindo prazo para ter uma recomposição das suas áreas em função de uma nova seca que teve nessa safra. Mas nós queremos atrelar isso a boas práticas de sustentabilidade. Precisa sair dessa inércia, porque tem como produzir mesmo com alguns estresses hídricos”, afirmou.

Ele citou o programa 365 da Embrapa, que preconiza uma cobertura vegetal pelos 365 dias do ano, para reduzir o estresse hídrico das propriedades. “Lógico que chuva é fundamental, mas se a gente recuperar o solo, fizer um programa de microbacia, de calagem, de fosfatagem, que concilie o uso e a cobertura vegetal para matéria orgânica do solo, isso garante eficiência mesmo com estresse hídrico nas propriedades”, afirmou.

Fonte: Globo Rural