Guerra tarifária de Trump afeta mercados globais e preços das commodities

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DE OLHO NO BIODIESEL – BOLETIM SEMANAL DE MERCADO DA SCA BRASIL (31/03 a 04/04/2025)

O grande assunto da semana para os mercados globais foi o tão aguardado “Liberation Day” do presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, com o anúncio da elevação de tarifas de importação para diversos países, em especial para a China e outros países asiáticos. Na sexta-feira (04/04), em resposta, a China retaliou as medidas com um aumento para os produtos americanos na mesma magnitude, o que trouxe pânico para os mercados.

Os principais índices da bolsa americana registraram quedas expressivas na semana. Dow Jones caiu 7,9%, S&P 500 perdeu 9% e Nasdaq recuou 10%, todos acompanhados pelas bolsas europeias e asiáticas. O índice Vix – que mede a volatilidade e risco do mercado – subiu 38% para seu maior índice desde agosto de 2024.

Os contratos futuros do petróleo caíram fortemente no pregão da sexta-feira (04/04) e fecharam em seu menor índice, desde o final de 2021. No fechamento, o petróleo Brent caiu 6,50% para US$ 65,58 por barril, enquanto o WTI para maio recuou 7,41% a US$ 61,99 por barril. Na semana, o Brent recuou 9% e o WTI perdeu 9,70%. O risco da recessão global com a guerra tarifária e o anúncio da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (OPEP+) de aumentar a oferta global de petróleo em 411 mil barris por dia foram as principais causas desses índices.

A queda nos preços do petróleo afetou as cotações de óleo de soja negociado na Bolsa de Chicago (CBOT, sigla em inglês) nos últimos dias da semana passada.  No entanto, o início da semana foi marcado pela continuidade da elevação dos preços do óleo de soja, que continua sendo a melhor opção para os importadores de óleos vegetais. Os óleos de canola, de palma e girassol continuam muito caros em relação ao óleo de soja. Além disso, rumores de que a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA, na sigla em inglês) poderá aumentar o volume obrigatório de diesel renovável nos próximos dois anos também impactaram as cotações.

O mercado de soja brasileiro apresentou pouca movimentação, com preços variando regionalmente. No Rio Grande do Sul, as cotações portuárias estão em R$ 134,00 para entrega em abril, enquanto no interior os valores giram em torno de R$ 132,00; a Serra Catarinense projeta um aumento recorde de 32% na produtividade para a safra 2024-2025, com a saca em R$ 132,10 no porto de São Francisco; no Paraná, os preços sofrem leve queda, com Paranaguá a R$ 134,10; Mato Grosso do Sul colhe 14,6 milhões de toneladas (aumento de 11,4%), com preços entre R$ 107,51 e R$ 119,80; e em Mato Grosso, a colheita recorde pressiona fretes e eleva custos logísticos, com cotações variando de R$ 110,16 a R$ 115,70.

O contrato de maio/25 de óleo de soja negociado na CBOT fechou em 45,84 cents/libra na sexta-feira (04/04), apresentando variação de 1,5% na semana, enquanto o prêmio de maio/25 do óleo de soja em Paranaguá ganhou 30 pontos, fechando a semana em 1,20 cents/libra. Desta forma, o flat price do óleo de soja FOB Paranaguá registrou valorização de 2,1%, fechando a semana a US$ 1.037/ton.

Segundo levantamento da SCA Brasil, o mercado spot de biodiesel na semana movimentou um volume de 6.775 m³, aumento de 66,3% em relação à semana anterior, registrando um preço médio de R$ 5,565/m³, com PIS/COFINS e sem ICMS (2,8%).

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, enviou à Casa Civil uma minuta de decreto visando endurecer o combate a fraudes na comercialização de combustíveis, especialmente relacionadas ao biodiesel. O documento aumenta significativamente as penalidades para distribuidoras que fraudarem a proporção obrigatória de 14% de biodiesel ao diesel. O piso das multas seria elevado para R$ 100 milhões e o teto para R$ 500 milhões, além de impedir distribuidoras irregulares de comprar combustíveis até regularizarem sua situação.

A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, anunciou uma redução de R$ 0,17 por litro (4,6%) no preço do diesel nas refinarias da empresa, com o novo valor de R$ 3,55 por litro, que entrou em vigor na terça-feira passada (01/04). O anúncio foi feito durante uma cerimônia com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), 15 minutos antes da divulgação do comunicado oficial, quebrando protocolos tradicionais da empresa.

Segundo o levantamento realizado entre 24 e 30 de março pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço médio negociado entre usinas e distribuidores ficou em R$ 5.623, renovando a mínima para o ano de 2025, com uma redução de 2,1% em relação ao valor médio da semana anterior. Todas as regiões tiveram reduções, sendo o Sul com a menor (0,9%) e o Centro-Oeste com a maior (2,8%). O mercado acumula uma redução de 11,2% no ano.

Para a semana será importante acompanhar os desdobramentos da guerra tarifária nos mercados globais, nos preços das commodities e o início das negociações dos contratos de biodiesel para o terceiro bimestre do ano.