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Em 2025, a indústria de combustíveis renováveis espera uma fase de expansão no Brasil. Para o início da safra 2025-2026 de cana-de-açúcar no Centro-Sul a partir de abril, a previsão de aumento do percentual de mistura de etanol à gasolina ainda este ano e a crescente oferta do biocombustível de milho estão entre os fatores decisivos desta nova etapa. Dados de conjuntura e projeções para o mercado, tendo como pano de fundo as condições climáticas para o primeiro semestre, estiveram em pauta na 11ª edição da série de Lives “Conexão SCA Brasil”, transmitida ao vivo pelo YouTube e Linkedln nesta quinta-feira (20/02).
O programa, realizado mensalmente, teve a participação do CEO da SCA Brasil, Martinho Seiiti Ono, além de dois convidados especiais: o vice-presidente da trading Inpasa, Gustavo Mariano, representando a maior produtora brasileira de etanol de milho, e a meteorologista da Climatempo, Dayane Figueiredo.
Ono destacou a contribuição do etanol de milho para complementar o fornecimento do biocombustível no mercado interno. Estima-se que no período 2025-2026, a produção total de etanol será de 33,8 bilhões de litros, sendo 24 bilhões de litros da cana e 9,8 bilhões de litros do milho.
“No Brasil, os estados de São Paulo, Mato Grosso, Minas Gerais e Goiás têm, predominantemente, vendas regulares do produto. No universo do Ciclo Otto, o biocombustível é utilizando regularmente por apenas 25% dos veículos flex em circulação. Neste contexto, a entrada da agroindústria de grãos é estratégica, levando em conta a capilarização deste consumo em regiões onde o cultivo da cana e consumo de etanol é menor”, ressaltou.
Segundo o vice-presidente da trading Inpasa, a indústria do milho espera fabricar 9,8, bilhões de litros em 2025, acréscimo de 1,5 milhão de litros em relação aos números do ano passado. “Nota-se uma expansão dessa produção no Nordeste, onde a Inpasa tem investido fortemente. Considerando esta nova fronteira, estima-se que no ciclo agrícola 2026-2027, este setor poderá entregar até 11,5 bilhões de litros”, afirmou o executivo, citando dados da União Nacional do Etanol de Milho (UNEM).
Gustavo Mariano demonstrou como o etanol ajudou a expandir a lavoura de milho no Mato Grosso. “Em 2004, produzia-se 4,5 milhões de toneladas de milho na chamada safrinha, que sempre ocorre no verão. Hoje, neste mesmo período de moagem, o processamento atinge 100 milhões de toneladas”, explicou. Entretanto, apesar do otimismo, o representante da Inpasa ponderou fatores como a elevada taxa de juros, que poderão limitar o aumento da produção: “É uma questão que afeta diretamente todo o agronegócio nacional. Com a probabilidade da manutenção ou elevação da taxa de juros e alto spread bancário, quantifica-se em 20% a tomada de capital por parte do produtor”, explica.
Projeções da cana
Ao final do ciclo 2025-2026, análises do departamento de Inteligência de Mercado da SCA Brasil indicam que o País deverá moer aproximadamente 600 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. Embora este número seja menor do que o atingido no período 2023-2024, quando se registrou produção recorde de 654 milhões de toneladas, o CEO da empresa destacou a boa recuperação da produtividade nos canaviais.
Cálculos apontam que o índice Tonelada de Cana por Hectare (TCH) da safra 2025-2026 deve crescer de 78,5 por tonelada na safra anterior para até 80 por tonelada. “No primeiro e segundo terço da próxima safra espera-se, respectivamente, um TCH igual e melhor em relação a 2024. Na parte final da moagem, a marca deve melhorar em função das chuvas de outubro”, afirmou o CEO da SCA Brasil.
Em termos de área colhida, a expectativa é de redução. O executivo pontuou que, durante o outono de 2024, os incêndios ocorridos nas lavouras canavieiras afetaram cerca de 400 mil hectares (ha), o que prejudicou o processo de plantio/renovação dos canaviais durante o inverno. Com isso, a expectativa é de que a área total a ser colhida seja de 7,4 milhões de ha. Em relação ao mix de produção nas usinas sucroenergéticas, o açúcar deverá saltar de 48% para 51%, resultando em 40,7 milhões de toneladas ante as 40 milhões de toneladas fabricadas no ciclo 2024-2025.
Boas notícias
Durante a 11ª edição da série de Lives “Conexão SCA Brasil”, Ono enfatizou a valorização do etanol hidratado frente à gasolina, graças à aprovação de parte da Reforma Tributária. Nela, a cobrança do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS) será dará exclusivamente no produtor, e não mais em regime bifásico, com participação das distribuidoras de combustíveis. Para o anidro, a taxação aumentará de R$ 130,90 para R$ 192,20 por litro. No hidratado, haverá redução de R$ 241,80 para R$ 192,20 o litro.
Outro avanço foi elevar o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação e Serviços (ICMS) incidente na gasolina. “Somandas, essas medidas (ICMS, PIS e COFINS) aumentarão a competitividade do etanol hidratado em R$ 0,17 por litro ou dois pontos percentuais (PP) em relação à gasolina”, afirmou o executivo. Ono ainda comentou a possibilidade de implementação de uma nova mistura do biocombustível na gasolina, que saltará de 27% para 30% (E30), conforme estabelecido pela Lei do Combustível do Futuro. “Com isso, no ciclo 2025-2026, haverá um incremento da ordem de 1,18 milhão de metros cúbicos (m³) de etanol anidro, cuja demanda passará de 10,7 milhões de m³ para 11,9 milhões de m³”, prevê.
As alterações feitas no final de 2024 para aprimorar a Política Nacional de Biocombustíveis, mais conhecida como RenovaBio, também foram lembradas por Ono como um avanço para a sustentabilidade do etanol fabricado no Brasil. Na prática, a nova lei determina que o descumprimento das regras configurará crime ambiental, com multa de R$ 100 mil a R$ 500 milhões.
Previsão climática
Segundo dados da Climatempo, as perspectivas climáticas para a produção rural, no que tange à cana e ao milho, são mais favoráveis no primeiro semestre de 2025 do que em 2024. A meteorologista Dayane Figueiredo explicou, durante a Live, que até a primeira quinzena de março as chuvas no Centro-Sul, durante o verão, continuarão provocando umidade no Centro-Norte.
“Os primeiros 15 dias de março serão marcados pelos últimos reflexos deste fenômeno, com chuvas mais frequentes no Centro-Sul, resultado das características típicas desse fenômeno. Espera-se que, a partir da segunda quinzena de abril, haja diminuição pluviométrica mais significativa. Maio e junho tendem a ser mais secos”, informou a especialista.
“Diante das previsões da Climatempo o primeiro indicativo positivo é de que teremos, em 2025, um clima mais favorável se comparado ao ano passado. É um bom cenário para o produtor que iniciará a safra de cana em abril”, conclui Ono.
Transmitidas ao vivo pelos canais da SCA Brasil no YouTube e no LinkedIn, as lives da série ‘Conexão SCA Brasil’ foram criadas para examinar assuntos de destaque no contexto do agronegócio nacional, com prioridade para temas próximos dos combustíveis renováveis e das compras corporativas em grupo, principais áreas de atuação da SCA Brasil. Agendas transversais e de ampla relevância para o agro também são abordadas, sempre com convidados especiais de reconhecida competência e qualidade. Além do YouTube e do LinkedIn, todas as edições também estão disponíveis em formato de podcast na página da série na plataforma Spotify.
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