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DE OLHO NO BIODIESEL – BOLETIM SEMANAL DE MERCADO DA SCA BRASIL (20 a 24/01/2025)
O retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos trouxe mudanças significativas em sua postura comercial, com falas mais brandas em relação às tarifas de importação, especialmente com a China, sinalizando inclusive que estaria disposto a chegar a um acordo comercial. Esse posicionamento trouxe alívio aos mercados globais, com queda do dólar frente às principais moedas.
No Brasil, o dólar recuou 2,40% em relação ao real, operando abaixo de R$6,00, enquanto o governo enfrentou turbulências devido a rumores sobre possíveis subsídios a alimentos, culminando na decisão de reduzir impostos de importação para produtos mais baratos no exterior.
A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) fez uma atualização da safra de soja do Brasil para 2025, passando a projetar 171,7 milhões de toneladas, aumento de 3 milhões de toneladas na comparação com a previsão do mês anterior e 11,9% em relação à safra anterior. A Abiove prevê uma exportação recorde de 106,1 milhões de toneladas do grão e um processamento de soja de 57,1 milhões de toneladas, alta de 3,8% ante 2024, produzindo 11,45 milhões de toneladas de óleo e 44,1 milhões de toneladas de farelo.
Um fator de preocupação é o significativo atraso na colheita da soja por causa das condições climáticas. O Centro-Oeste enfrenta excesso de chuvas, atrasando a colheita e potencialmente afetando a qualidade dos grãos. No Mato Grosso, maior produtor nacional, a colheita atingiu apenas 4,5% da área, muito abaixo dos 21,4% registrados no mesmo período do ano anterior.
No cenário internacional, a Argentina anunciou uma redução temporária nas tarifas de exportação (retenciones) válida de 27 de janeiro a 30 de junho. Para a soja, a alíquota cairá de 33% para 26%, enquanto para derivados (farelo e óleo) a redução será de 31% para 24,5%. Esta medida pode pressionar os preços dos derivados de soja no mercado internacional, especialmente os prêmios de farelo e óleo no Brasil.
O clima continuará no radar para os próximos dias. No Brasil existe uma previsão de chuvas intensas para os próximos 15 dias, com precipitações de 200 a 600mm afetando Sudeste, Centro-Oeste, Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia (Matopiba) e Norte, o que deve comprometer a colheita da soja até 20 de fevereiro, além de causar problemas logísticos. No Sul, uma frente fria traz alívio para a seca.
Já na Argentina, apesar do retorno parcial das chuvas, o cenário segue crítico com temperaturas podendo chegar a 40°C e previsão de seca no início de fevereiro, com normalização das chuvas apenas na segunda quinzena. Segundo especialistas, a combinação de umidade e pouca luminosidade aumenta o risco para o surgimento de doenças, como a ferrugem asiática na soja.
O contrato de março/25 de óleo de soja negociado na Bolsa de Chicago (CBOT) fechou em 45,22 cents/libra na sexta-feira (24/01), um recuo de 1,0% na semana, enquanto os prêmios do óleo de soja em Paranaguá fecharam a semana em 0,10 cents/libra, uma queda superior a 90%. Dessa forma, o flat price do óleo de soja FOB Paranaguá recuou 7,9% na semana, atingindo US$ 999/ton.

Segundo levantamento da SCA Brasil, o mercado spot de biodiesel teve uma nova semana de baixa liquidez, com muitos relatos de atraso nas retiradas por parte das usinas e os distribuidores reclamando de vendas muito fracas. O aumento das irregularidades na mistura de biodiesel tem sido assunto recorrente ao longo de janeiro, afetando a competitividade das empresas que operam dentro das regras estabelecidas pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O volume apurado foi de 2.635 m³ com um preço médio de R$ 5.838 /m³, com PIS/Cofins e sem ICMS, leve redução de 2% em relação à semana passada.

Segundo a BiodieselBR, a ANP recebeu um espectrofotômetro doado pelo Ministério Público de Sergipe, permitindo que os fiscais meçam o teor de biodiesel no óleo diesel durante inspeções em campo, algo que antes só era possível em laboratório. Até novembro de 2024, o mercado apresentava um déficit de 42 mil m³ de biodiesel puro, uma melhora significativa em relação aos 96,2 mil m³ registrados até outubro. Em caso de irregularidades, os infratores podem receber multas de até R$ 5 milhões, além de suspensão ou revogação da autorização.
De acordo com o levantamento de preços realizado pela ANP, na terceira semana de jan/25 (13-19/01), o preço médio Brasil de biodiesel, com PIS/Cofins e sem ICMS, ficou em R$ 5.959/m³, ficando 2,9% abaixo do valor praticado na semana anterior e acumulando uma desvalorização de 5,9% no mês.