Por Cibelle Bouças
A Potássio do Brasil, que pertence à Brazil Potash, deu início às obras para instalação de uma planta de beneficiamento de potássio em Autazes (AM), a 120 quilômetros de Manaus, enquanto sua controladora prepara-se para fazer uma oferta pública de ações (IPO) na bolsa de Nova York.
O projeto foi liberado pelos órgãos ambientais e possui 21 licenças e autorizações, com 333 condicionantes ligadas a questões socioambientais, que serão cumpridas pela companhia, segundo Adriano Espeschit, presidente da Potássio do Brasil.
A mineração será implementada próxima ao Povo Indígena Mura de Autazes. Por conta disso, a empresa apoiará a implementação de um plano Bem Viver Mura, desenhado pelas aldeias representadas pelo Conselho Indígena Mura (CIM). Recentemente, o Povo Mura Autazes, que reúne 36 aldeias associadas ao CIM, fez uma consulta livre prévia, na qual o projeto de mineração foi aprovado com mais de 90% dos votos dos presentes. Participaram 94% das aldeias associadas ao CIM.
“O projeto foi licenciado totalmente e já demos início a algumas obras. Estamos com todos os preparativos para os pacotes de obras que virão na sequência”, afirmou Espeschit.
O executivo disse que já foram definidas as empresas que cuidarão da parte de arqueologia e de remoção da fauna silvestre, mas os nomes ainda são mantidos em sigilo. A Potássio do Brasil começou a seleção das empresas que farão a terraplenagem e a supressão vegetal em parte da área do complexo industrial, que será instalado em uma antiga fazenda de gado.
Segundo Espeschit, há poucas áreas com necessidade de supressão vegetal e não haverá desmatamento. A expectativa da empresa é gerar 2,6 mil empregos diretos na fase de construção e 1,3 mil na fase operacional.
As obras começam no momento em que a controladora Brazil Potash prepara seu IPO no mercado americano. A empresa pretende usar parte dos recursos da oferta inicial de ações para financiar o empreendimento. A controladora não divulgou quanto pretende captar com a oferta.
O projeto em Autazes é estimado em US$ 2,5 bilhões e inclui um acordo de US$ 2,5 milhões com indígenas da comunidade Mura para reduzir os impactos na região. A companhia começou em setembro uma série de apresentações do projeto para potenciais investidores.
A Potássio do Brasil já gastou US$ 230 milhões em compras de terras, estudos de viabilidade técnica e econômica e outros custos. A reserva, segundo estudos, tem potencial de produção de mais de 170 milhões de toneladas de cloreto de potássio. A área de extração será de cerca de 13 quilômetros de comprimento por 10 quilômetros de largura. A espessura média lavrável é de 2,5 metros. A mina é subterrânea.
A projeção é que a mina beneficiará 8 milhões de toneladas de minérios por ano, com produção de 2,2 milhões de toneladas de cloreto de potássio por ano a partir de 2029. Esse volume será suficiente para atender 20% da demanda brasileira do fertilizante.
Atualmente, 98% do potássio usado como fertilizante é importado. De janeiro a agosto, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, a importação de cloreto de potássio somou 27,18 milhões de toneladas, alta de 9,9% em relação ao mesmo período de 2023. O governo defende a redução da dependência internacional, mas com produção seja sustentável.
Fonte: Globo Rural