Por Andréia Vital
Na última semana, o mercado de açúcar voltou a apresentar sinais de recuperação, impulsionado pelas expectativas de uma oferta mais restrita. Os contratos futuros de açúcar com vencimento em outubro de 2024 subiram 1,0%, encerrando a semana cotados a 19,01 centavos de dólar por libra-peso (cts/lb), acima dos 18,83 cts/lb da semana anterior, mostra o comentário semanal da FG/A sobre açúcar e etanol.
A alta reflete a percepção de menor produção, em grande parte devido às dificuldades enfrentadas no Centro-Sul do Brasil, conforme os mais recentes dados divulgados pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA).
Na quinta-feira (12), a UNICA divulgou os números da segunda quinzena de agosto, revelando uma redução de 3,25% no ritmo de produção de açúcar. Além disso, o mix de produção destinado ao açúcar foi menor do que o esperado, em comparação ao mesmo período da safra anterior. A redução na produção está associada a problemas na qualidade da cana-de-açúcar, afetada por queimadas recentes e uma pureza inferior no caldo processado.
No mercado de câmbio, o dólar encerrou a semana com uma leve desvalorização de 0,7%, sendo cotado a R$ 5,57, ante R$ 5,61 na semana anterior. Esse movimento cambial manteve os preços do açúcar em reais relativamente estáveis, com uma alta marginal de 0,6%, atingindo R$ 2.433 por tonelada, comparado aos R$ 2.419 por tonelada da semana anterior.
Adicionalmente, o relatório mais recente da Commodity Futures Trading Commission (CFTC) indicou um aumento nas posições vendidas dos fundos especulativos, que passaram a negociar 20 mil lotes short de açúcar, um aumento significativo em relação à posição anterior, quando detinham 9 mil lotes vendidos. Esse movimento reflete a incerteza quanto ao cenário de oferta e demanda no mercado global.
Enquanto o mercado de açúcar apresenta sinais de alta, o etanol segue em direção oposta. O indicador diário de preços do etanol hidratado, divulgado pelo CEPEA, registrou mais uma queda na segunda semana de setembro, com o biocombustível cotado a R$ 2,49 por litro. No acumulado das últimas duas semanas, o etanol apresenta uma queda de 7,8%, pressionado pela maior oferta e demanda enfraquecida.
Os dados da UNICA referentes à segunda quinzena de agosto também destacam o aumento na produção de etanol de milho, que atingiu 348,6 mil metros cúbicos, um crescimento de 47% em relação ao mesmo período do ano anterior. No acumulado da safra, a produção de etanol de milho já soma 2,8 milhões de metros cúbicos, um aumento expressivo de 25% em relação à safra passada.
Além disso, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) divulgou a paridade de preços entre gasolina comum e etanol hidratado na segunda semana de setembro, que permaneceu estável em 65,5%. A elevada produção de etanol e a estabilidade nos preços dos combustíveis sugerem um cenário de continuidade na pressão sobre os preços do biocombustível.
Com o aumento da oferta, o mercado de etanol deverá seguir pressionado, com preços mais baixos, enquanto o setor de açúcar tenta se recuperar das adversidades climáticas e de produção.
Fonte: Jornal Cana