O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de açúcar do mundo. Em 2023, o país produziu cerca de 40 milhões de toneladas de açúcar, representando 20% da produção global. Além disso, é responsável por cerca de 25% das exportações mundiais de açúcar. Essa participação significativa destaca o papel crucial do Brasil no mercado global tanto em termos de produção quanto de comércio.
Segundo órgãos governamentais, o mercado internacional para o açúcar está favorável em 2024/25, com alta demanda pelo produto brasileiro. Entre abril e julho deste ano, as exportações de açúcar já alcançaram 11,6 milhões de toneladas, um aumento de 27,1% em relação ao mesmo período do ano anterior, gerando US$ 5,6 bilhões. A expectativa é que os preços permaneçam positivos devido à previsão de queda na produção na Ásia.
Para a safra 2024/25, a produção de cana-de-açúcar no Nordeste está projetada para crescer 5,6% em relação ao período anterior, alcançando 59,62 milhões de toneladas, conforme indicado pela Conab (2024). Segundo a Companhia, esse crescimento é atribuído à ampliação das áreas cultivadas e às melhorias na produtividade, impulsionadas por condições climáticas favoráveis, e oferece uma vantagem significativa para a indústria sucroalcooleira frente à crescente demanda internacional.
Embora as perspectivas para a produção de cana-de-açúcar sejam promissoras este ano, o rendimento econômico é essencialmente determinado pelo acúmulo de sacarose, que atinge seu pico durante a maturação fisiológica da planta. O processo de maturação é fortemente influenciado por fatores climáticos, que podem afetar de modo positivo ou negativo a taxa de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) e, consequentemente, o acúmulo de sacarose.
Seguidamente, vivenciamos anos de quebras na produtividade devido a fatores climáticos na Região Nordeste e em alguns Estados do Brasil. Por essa razão, usinas e produtores tem investido em irrigação, especialmente no método por gotejamento, que é altamente eficiente na aplicação de água e mais sustentável ambientalmente. Essa estratégia tem permitido não só estabilizar e aumentar a produtividade em toneladas de cana por hectare (T.C.H.), mas também melhorar o rendimento em termos de T.A.H. (toneladas de açúcar por hectare).
Em relação à melhoria nos rendimentos de TAH – produção de açúcar –, a razão fisiológica quanto ao papel crucial da irrigação para a maturação da cana-de-açúcar, se baseia na regulação do metabolismo da fotossíntese que é fundamental para a produção e acúmulo de sacarose. Quando bem gerenciada, a irrigação fornece a quantidade necessária de água para prevenir o estresse hídrico e evitar o comprometimento da eficiência fotossintética e, consequentemente, a concentração de sacarose nos colmos.
Esta técnica de manejo que envolve o gerenciamento da irrigação no processo de maturação é conhecida como drying-off, a qual se aplica a interrupção controlada da irrigação para melhorar a qualidade da cana na colheita, e pode ser a chave para a melhoria dos teores de ATR que tem sido um desafio para a Região Nordeste em razão das adversidades climáticas, na produção de açúcar.
Vale ressaltar que a técnica não é realizada de forma generalizada, pois, o manejo deve ser ajustado e monitorado localmente e anualmente, uma vez que sua eficácia depende das condições climáticas e do ambiente de produção. Estudos realizados pela Netafim comprovam que o período do drying-off pode variar de 15 a 60 dias, com excelentes ganhos ao associar maturadores. Além disso, a interrupção da irrigação foi favoravelmente melhor quando realizada de forma gradativa ao longo do tempo, já que permite que o solo contenha umidade remanescente, permitindo que a planta mantenha seus processos fisiológicos em uma taxa reduzida, diminuindo crescimento da planta em contraste ao maior acúmulo da sacarose nos colmos, evitando o processo da isoporização.
Sendo assim, para a realização do drying-off em canaviais irrigados por gotejamento, é de suma importância uma avaliação criteriosa do Especialista Agronômico Netafim da região, para que as diretrizes quanto ao tempo necessário e suas correlações com a redução gradativa, e o monitoramento constante sejam realizados de forma segura e eficaz.
Fonte: Revista RPANews