Por Isadora Camargo
A multinacional Syngenta — de defensivos agrícolas e sementes — informou que seu lucro líquido global no primeiro semestre do ano recuou 72,5% em comparação com o mesmo intervalo de 2023, saindo de US$ 1,38 bilhão para US$ 379 milhões. A piora no resultado reflete problemas climáticos — como as enchentes no Rio Grande do Sul — e desaceleração na demanda dos produtores no Brasil e na América Latina, segundo a empresa.
As vendas na primeira metade de 2024 somaram US$ 6,2 bilhões, um recuo de 21% em comparação com igual intervalo no ano passado. Na América Latina, um dos principais mercados da companhia, a comercialização caiu 17% e afetou o resultado global.
Em relatório, a Syngenta disse que o movimento de revendas e distribuidoras tentando reduzir estoques de produtos, tanto na América Latina, quanto na Europa Ocidental como América do Norte, influenciou os resultados. Segundo a empresa, o único mercado na contramão foi a China. No período, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da empresa caiu 36%, para US$ 2,1 bilhões.
No relatório financeiro, a companhia destacou também que houve “forte deterioração da margem [de produtos] em relação ao primeiro semestre de 2023”. O grupo disse esperar que o mercado se estabilize no atual semestre, com uma recuperação do apetite de compra dos produtores. Considerando apenas o segundo trimestre do ano, as vendas do grupo recuaram 14% na comparação com o período de abril a junho de 2023, para a US$ 7,2 bilhões.
Na mesma comparação, o Ebitda caiu 39%, para US$ 800 milhões. “O lucro dos agricultores foi mais baixo e os distribuidores e revendas continuaram a reduzir os estoques para fazer face à pressão de redução do capital de giro num contexto de taxas de juro mais elevadas”, justificou a companhia.
A desvalorização das commodities e o clima adverso, como as enchentes no Sul do Brasil e as fortes chuvas na Europa Ocidental, também foram mencionadas pela Syngenta como problemas que afetaram os números.
Segundo a empresa, os resultados do balanço excluem custos de reestruturação operacional e do “impairment” (baixa contábil). No caso da reestruturação, são descartados custos incrementais de fechamento, reestruturação ou realocação de operações existentes. Já o impairment considera perdas associados a reestruturações e reversões de perdas com alterações importantes nos mercados em a empresa atua.
Adama e divisão de sementes
As vendas da Adama também caíram e totalizaram US$ 2,1 bilhões, retração de 16% em relação ao primeiro semestre de 2023. “Nos primeiros seis meses, as vendas na Europa, África e Oriente Médio foram 11% menores. Na América Latina, as vendas caíram 29%. As vendas na América do Norte diminuíram 5%, e na Ásia-Pacífico (excluindo a China), 19%. As vendas na China caíram 15%, principalmente devido à baixa demanda por produtos não agrícolas”, explicou a Syngenta, controladora do grupo.
Na divisão de sementes, a Syngenta reportou um resultado semestral de US$ 2,4 bilhões, queda de 4% em relação ao ano anterior. “Na América Latina, a temporada começou forte no Brasil, com crescimento de 38% nas vendas, enquanto no Sul e Norte do continente, as vendas caíram 34%, em grande parte devido à doença de enfezamento do milho na Argentina”, apontou o balanço financeiro da empresa.
Fonte: Globo Rural