Para indústria de soja, debate sobre qualidade não impede aumento na mistura de biodiesel

O debate sobre a qualidade do biodiesel não pode ser um “impeditivo” para que se avance sobre as discussões de aumento da mistura do renovável no diesel fóssil ou até em seu uso puro (100%), defendeu André Nassar, presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove), em evento promovido pela organização em São Paulo.

“Problemas podem existir, mas todo mundo quer entregar para o cliente a qualidade que ele precisa”, defendeu. Para o dirigente, a questão da qualidade e das especificações do biodiesel “não é mais um impeditivo para aumento de mistura, para o B100, para várias coisas”.

Ainda segundo Nassar, “o aprimoramento [da qualidade do biodiesel] é algo que a cadeia toda tem que fazer”. Ele afirmou que o debate sobre qualidade “está aberto”. “Vamos discutir e onde tiver problema a gente toca em frente”, sustentou.

Demanda

Durante o evento, o secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia (MME), Pietro Mendes, destacou que, mesmo com os incentivos atuais, o consumo de combustíveis renováveis poupa a demanda de 400 mil barris de petróleo por ano. Atualmente, o consumo de derivados do fóssil é de 2,3 milhões de barris anuais.

Ele defendeu que “vamos precisar fazer mais” para o Brasil enxergar o pico da demanda por derivados de petróleo antes de 2040, para quando apontam as projeções. “Às vezes ouvimos que [o governo] está empilhando incentivos para biocombustíveis”, disse.

O secretário informou que o Ministério de Minas e Energia vai trabalhar na regulamentação do programa Mover. O texto, aprovado recentemente no Congresso, estabelece o critério de cálculo de emissões de gases de efeito estufa tanto conforme a “análise do ciclo de vida” (ACV), quanto do “berço ao túmulo”.

Na ACV, a pegada de carbono é calculada da produção do combustível até o seu consumo. No método de berço ao túmulo, o cálculo da pegada inclui também desde a fabricação dos veículos até seu descarte.

Mendes também manifestou otimismo com a perspectiva de aprovação do projeto de lei do Combustível do Futuro, que está no Senado, e prevê novos mandatos para biodiesel e etanol, além de inagurar mandatos para biometano, bioquerosene de aviação (SAF), diesel verde, entre outros. Segundo o secretário, “vários investidores nos procuram [interessados em produzir SAF], mas sem um marco legal essa indústria ainda não decolou”.

Fonte: Globo Rural